Um sujeito pré-formado pelo fato social no momento histórico dos séculos antes do espectro moderno vem passando por clivagens no espaço das identidades e a História, assim como, a Psicologia tem papel relevante nessa potencialização, ou sendo mais claro, pode-se apontar dois ícones que a partir do estudo da sociedade e dos indivíduos em formação fizeram parte dessas transformações: o historiador Karl Marx e o pai da psicanálise Freud.
Antes das mudanças na esfera econômica, política e social que marcaram os séculos pré – modernos tínhamos uma sociedade com características únicas. Como aborda Hall(2002, p.27) “sujeito racional, pensante e consciente, situado no centro do conhecimento”. Isto é, sujeito que nos tempos antigos tinham razões como o mais absoluto modelo, sujeitos que nos tempos medievais tinham uma única mentalidade – modos de agir e pensar -; relacionasse com o teocentrismo – momento da história que os monoteísmos estão se fixando. Já os sujeitos nos primórdios dos tempos modernos resgataram a razão greco-romana e enrijeceram nas raízes da sapiência a concepção cartesiana – Cogito ergo sum – onde o homem só pensava porque existia ( no senso comum é habitual utilizar-se o inverso dessa máxima, isto é, só existimos porque pensamos)”no centro da mente ele colocou o sujeito individual, constituído por sua capacidade para raciocinar e pensar”(HILL, p.27).
Já em meados do século XIX o pensamento de Marx começa a deixar vulnerável o homem como sendo o único capaz de conduzir seus próprios passos, pois, o materialismo histórico-dialético colocava o sujeito como passivo às mudanças das condições que lhes são dadas, ou sendo mais enfático, pode dizer-se que os modos de produções existente na vida de cada sociedade foram originados por outras sociedades e/ou gerações anteriores – as forças produtivas e as relações de produções são literalmente dinâmicas.
Isto é, o sujeito passa a ser descentrado pelo fator coletividade, afastando dessa forma, a idéia de mudanças a partir de sujeitos isolados – um artigo de minha autoria A História e seus Olhares aborda que a dialética dilacera com a postura do individualismo a partir do momento que quebra com paradigmas e projeta o homem para uma nova vitória temporária.
Diante dessa concepção muitos vieses do pensamento moderno foram adequados e levados a projetar uma nova postura para o próprio sujeito que fica vulnerável e instável igualmente a máxima do próprio Marx quando aborda a dinâmica da frase” tudo que é sólido desmancha no ar”.
Outro ícone da construção de identidades fragmentadas é o psicanalista Sigma Freud”o termo psicanálise é usado para se referir a uma teoria, a um método de investigação e uma prática profissional”(BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 2001, p.70). Em aspecto amplo, não cabe dentro dessa análise a diluição da teoria, do método e da própria prática profissional, pois, o foco básico é o efeito do estudo no seu tempo. Desse modo, é de se entender que o efeito altamente relevante é na desconstrução do homem centrado, pois, ao se determinar que o inconsciente trouxesse resultados para algumas justificativas da vida em sociedade, o próprio homem fica sufocado as falsas respostas da vida prática”se fosse preciso concentrar numa só palavra a descoberta freudiana, essa palavra seria incontestavelmente inconsciente”(LAPLANCHE, 1986, p.307).
Em síntese, pode dizer-se que o grande impacto da teoria freudiana nas construções científicas, assim como,no próprio tecido social é a própria morte da Razão cartesiana.
Nossas identidades, nossa sexualidade e a estrutura de nossos desejos são formadas com base em processos psíquicos e simbólicos do inconsciente, que funciona de acordo com a uma lógica muito diferente daquela razão, arrasa o sujeito cognoscente e racional promovido de uma identidade fixa e unificada(HILL, 2002, p.36)
A análise dos teóricos da História e da Psicologia em evidência dando suporte a formação da identidade do homem contemporâneo teve o objetivo de trazer para o campo da discussão a relação entre o(s)modelo(s)da(s)identidade(s)e o impacto no tecido social no que se refere a construção das suas várias facetas culturais a formação das identidades.
Fábio Lima Freitas (Historiador-Licenciado Cesc-UEMA) e Antonio José Neto (Bacharelando em Psicologia).