terça-feira, 17 de agosto de 2010

Um dia foi assim...

Vovô, olha o avião!

Papai Noel, quero um caminhão

Corre que lá vem o fofão

Tô de barba é São João

Eu quero mesmo é um cão

Não gosto de feijão

Vou brincar de cancão

Roda roda meu pião

De pegador a esconde-esconde

Vou fazendo uma confusão

Eu quero mesmo é brincar de polícia e ladrão

Enquanto vovó cozinha

Um gostoso cozidão

Tem baião de dois, sarapatel e um bom pirão

Mas bode no leite-de-coco

É minha verdadeira paixão

Tá toda a família

Lá no meio do casarão

A única regra é a diversão

Eita vida boa, lá em Santa Inês

do Maranhão.

Hoje moro em uma ilha

Digo que é da solidão

Mas há quem acredite

que aqui é o berço

do coração.

ANTONIO NETO

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Mergulhando na geléia: As possibilidades de sermos realmente cidadãos responsáveis pela humanidade.

Antonio Gramsci na obra Concepção Dialético da História nos chama atenção para a necessidade de fazermos um tipo de inventário que nos projete para uma lógica que objetive tomar consciência dos nossos próprios passos – seria uma espécie de tomar consciência do que a gente faz. Certamente o autor em questão bebeu na fonte do mestre Sócrates na concepção ‘’conhece-te a ti mesmo’’, isto é, seria um processo de intro-retro-relação entre o eu e a nossa própria projeção.
Em certo aspecto, o recorte que achamos necessário nesse momento para direcionar os cidadãos aos ícones que podem ajudar na sua responsabilidade para um mundo melhor, foi o da lógica que engloba de forma não pragmática eixos não definidores, porém de suma importância, como por exemplo, a reflexão em cima da nossa própria concepção de indivíduo, a idéia de sociedade, o entendimento sobre a educação, bem como o projeto de uma crítica estética.
Quando visualizamos o mundo do outro indivíduo ou sociedade estamos fazendo levantamento dele(s) a partir das nossas perspectivas, pois, o mundo do eu é mais sábio, racional, inteligente e evoluído. Dessa forma, temos que urgentemente começar a relativizar o nosso eu para podermos ter uma melhor concepção de indivíduo.
De fato ter a nossa própria concepção de indivíduo é simplesmente perguntar para a nós mesmo o que queremos para a totalidade, ou melhor, qual a nossa missão para o mundo?(o filósofo Sartre na sua fase pós existencialismo nos chama atenção para a necessidade de sermos responsáveis por toda humanidade), qual o olhar que temos para o mundo?. E dessa forma, começarmos a reprojetar nossas atitudes.
Dando ênfase a concepção que devemos ter sobre sociedade, pode-se dizer que a mesma tem que passar por nossas retinas, pois, a verificação das relações sociais e o entendimento do tempo atual nos aproximam de uma verdade menos preconceituosa e entendedora de um mundo que por ser diferenciado já se torna mais belo – as fronteiras étnicas são necessárias e tem que serem respeitadas.
Isto é, entender a sociedade e sua dinâmica é fazer parte de uma construção que busca melhorias no processo de globalização – nesse sentido ela só vai existir se respeitarmos as barreiras de cada grupo, pois, dessa forma se diversifica mais as produções materiais e culturais -, melhorias nos investimentos com o intuito de evitarmos os bolsões de pobreza – nenhuma sociedade se organiza e aceita as normas vigentes quando temos discrepância entre as suas camadas sociais -, e tantas outras mais. A partir dessa acepção, termos o entendimento do que é sociedade é simplesmente dá o bilhete de entrada em direção a vitória do nosso próprio eu.
No que se refere a nossa concepção sobre educação, podemos dizer que todo o processo educativo sempre vai formar ligações enraizadas que vão depositar toda a confiança nos dias do presente e do futuro, pois, a educação nos direciona para outros eixos da sapiência, como por exemplo, a própria auto – reflexão que define o método que podemos utilizar para melhorar setores e instituições que servem a sociedade. O educador Paulo Freire na obra Pedagogia da Autonomia nos conceitua educação como sendo a mais crítica de todas as armas para a construção e transformação do homem em sociedade – é que costumamos chamar de dialética na essência. ‘’Na acepção moderna... dialética significa o modo de pensarmos as contradições da realidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação”(KONDER,2007,p.8).
De fato, para olharmos o mundo sem projeção educacional é dinamitar todas as outras possibilidade de transformação, é castrar a possibilidade de liberdade do ser humano, pois, só há realmente liberdade com conhecimento, é impossibilitar a eterna busca pela verdade – numa acepção kantiana pode-se dizer que mesmo não se chegando ao real, os passos dados em sua busca da mesma movem alguma coisa e danifica o que já se tinha de concreto, sendo que esses passos só podem ser dados com o conhecimento. Ou melhor, a falta de projeção educacional é a morte do homem que sabe que sabe( Homo sapiens sapiens)
Outro fator bastante emblemático para o homem que pretende ser cosmopolita é o seu levantamento sobre a idéia de estética onde o mesmo deve e pode fazer – de forma simplificada são as projeções abstratas no sentido de sensibilizar o coletivo por meios empregados a partir do sentido e do pensado -,isto é, observar os tipos de filmes que realmente nos passe informações da nossa história e do nosso cotidiano de forma reinventada, a literatura que está sendo produzida e/ou relida, a música e o seu objetivo – aqui afastamos qualquer possibilidade de produções musicais com destino apenas mercadológico, pois, seria uma agressão ao conceito de arte, assim como um grande truque do mercado para deixar os boçais um pouco mais boçais -, em fim, é necessário que o homem seja um combatente e contrário ao que é esteticamente feio, ou seja, dilacerar o que não é arte.
Em verdade, pode dizer-se que as possibilidades de sermos realmente cidadãos responsáveis pela humanidade nos projetam para premissas do auto conhecimento – concepção de nós mesmos -, o entendimento sobre a sociedade e suas diferenciações, a idéia sobre o papel da educação, bem como, a projeção responsável da própria estética.

Antonio José Neto (Bacharelando em Psicologia) e Fábio Lima Freitas (Historiador-Licenciado Cesc-UEMA)